Complicações de longo prazo em implantes dentários

As reabilitações com implantes dentários tem sido cada vez mais indicadas a pacientes com edentulismo total ou parcial, pois possibilitam a devolução de estética, saúde e função, com resultados satisfatórios e relativamente previsíveis a médio/longo prazo, influenciando diretamente na qualidade e expectativa de vida dos pacientes1.

Apesar das altas taxas de sucesso relatadas, superiores a 90% após cinco anos ou mais de função2, as complicações relacionadas aos implantes dentários continuam sendo uma preocupação clínica relevante, especialmente em avaliações de longo prazo.

Essas complicações, que podem ser de natureza mecânica ou biológica,  nem sempre resultam na falha definitiva do implante ou da prótese, mas demandam atenção e manejo adequado. Entre as complicações mecânicas mais comuns destacam-se fraturas ou lascamentos da coroa ou do material de revestimento da prótese, fratura do implante ou de componentes protéticos, falhas de retenção, afrouxamento de parafusos e dificuldades na inserção da prótese3.

Já no campo das complicações biológicas, as doenças peri-implantares (mucosite e peri-implantite), assumem papel de destaque devido a sua considerável prevalência e complexidade de tratamento. Essas condições inflamatórias estão diretamente associadas à presença de placa bacteriana e são moduladas por fatores e indicadores de risco que podem estar relacionados ao paciente, ao implante ou à  prótese, influenciando no aparecimento e/ou progressão da doença4.

Na literatura a prevalência das doenças peri-implantares tende a ser muito variável, devido a diferentes critérios de diagnóstico e variação nas amostras selecionadas para estudos. De maneira geral, pode-se estimar um valor de 40% de pacientes com casos de mucosite e de 15% de pacientes com casos de peri-implantite, o que demonstra uma prevalência alta destas doenças4-7, trazendo desconforto aos pacientes e aumentando a possibilidade de perda dos implantes.

Com as constantes evoluções na medicina e saúde, a expectativa de vida dos pacientes tende a aumentar. O melhor manejo de condições locais e sistêmicas desses pacientes, bem como a velocidade das perdas dentárias, vão acompanhando essa evolução, ocorrendo mais tardiamente, aumentando a idade média dos indivíduos que necessitam de reabilitações orais, incluindo a terapia com implantes dentários5.

            Com isso, os implantes começaram a ser utilizados em pacientes mais debilitados, tanto devido a idade avançada ou pela presença de comorbidades. A maioria destes pacientes, acaba fazendo uso de fármacos associados, que são fatores que podem influenciar diretamente no sucesso dos implantes, tanto a curto prazo na fase de osseointegração, quanto em sua estabilidade a longo prazo6.

Este conjunto de fatores relacionados ao paciente, nos leva a dar um peso maior a importância ao perfil deste cliente que vai receber um tratamento com implantes dentários. Desta forma, tanto as complicações mecânicas quanto as biológicas podem ser influenciadas por indicadores de risco, que são condições existentes relacionadas ao paciente ou ao implante ou a prótese, que podem influenciar ou agravar o aparecimento dessas complicações, e devem ser consideradas desde o planejamento inicial do tratamento7.

Cabe ao cirurgião-dentista, que trabalha com implantes dentários, saber avaliar a individualidade de cada paciente, a fim de fazer um planejamento adequado, já prevendo as possíveis complicações que, porventura, poderão aparecer durante a vida destes implantes. A melhor maneira de se fazer este planejamento é estabelecer protocolos rígidos de manutenção e suporte, a fim de que os pacientes estejam sempre sendo monitorados e as complicações possam ser diagnosticadas e tratadas, antes de se tornarem motivo de perda dos implantes e próteses.

Colaboração: André Felipe dos Santos Teles, mestrando em Implantodonia pela Universidade Federal de Santa Catarina.

Referências:

  1. DUONG, Ho‐Yan; ROCCUZZO, Andrea; STÄHLI, Alexandra; et al. Oral health‐related quality of life of patients rehabilitated with fixed and removable implant‐supported dental prostheses. Periodontology 2000, v. 88, n. 1, p. 201–237, 2022.
  2. LARSSON, Adam; MANUH, Justice; CHRCANOVIC, Bruno Ramos. Risk Factors Associated with Failure and Technical Complications of Implant-Supported Single Crowns: A Retrospective Study. Medicina, v. 59, n. 9, p. 1603, 2023.
  3. SAILER, Irena; KARASAN, Duygu; TODOROVIC, Ana; et al. Prosthetic failures in dental implant therapy. Periodontology 2000, v. 88, n. 1, p. 130–144, 2022.
  4. DALAGO, Haline Renata; SCHULDT FILHO, Guenther; RODRIGUES, Mônica Abreu Pessoa; Renvert S, Bianchini MA. Risk indicators for Peri‐ A cross‐sectional study with 916 implants. Clinical Oral Implants Research, v. 28, n. 2, p. 144–150, 2017.

“Pois Deus revelou a sua graça para dar a salvação a todos. Essa graça nos ensina a abandonarmos a descrença e as paixões mundanas e a vivermos neste mundo uma vida prudente, correta e dedicada a Deus.” (Tito 2:11,12)

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